Sábado, 15 de Julho de 2006

DOS INSTRUMENTOS MUSICAIS POPULARES PORTUGUESES

Ernesto Veiga de Oliveira no livro "Instrumentos Musicais Populares Portugueses" (1982)
http://www.attambur.com/Instrumentos/Portugueses/InstrPortug.htm#_ednref7
obra fundamental para o estudo da Música Portuguesa, apoia-se na divisão que Orlando Ribeiro faz do País em Portugal Atlântico, Transmontano e Mediterrâneo,
atendendo primordialmente ao factor geográfico e às suas relações com o homem, embora não coincidente e focando um aspecto particular
[xii]
e que são "o planalto alto e leste transmontano e beirão, arcaizante e pastoril, fechado sobre si mesmo, e as terras baixas a ocidente da barreira serrana
central, do Minho ao Tejo, populosas, conviventes, abertas a todas as influências; por fim a Sul do Tejo, o prolongamento do panorama pastoril do planalto
e no Algarve condições semelhantes às que encontramos no Norte Litoral".
Mais do que na divisão do país em províncias, são nessas três grandes áreas que vamos encontrar, sob o ponto de vista musical, aspectos que as caracterizam
e diferenciam. Parece-nos no entanto que só podemos falar de uma música regional se nos reportarmos a uma data anterior a 1950. Como nos diz Jorge Dias
(1970)
http://www.attambur.com/Instrumentos/Portugueses/InstrPortug.htm#_ednref7
até então, cada área cultural embora não estivesse inteiramente segregada do resto do país, vivia num relativo isolamento. Os transportes tradicionais,
quando existiam, eram caros para as economias de subsistência". Os primeiros programas de rádio foram emitidos a partir de 1933 e nos anos 50 são lançados
no mercado os primeiros rádios a preços acessíveis, a par com a electrificação das zonas rurais. A emigração e a guerra colonial, a industrialização agrícola,
trazem consigo profundas mudanças que alteram significativamente as ocasiões festivas, cerimoniais e de trabalho que davam significado à música das diferentes
regiões.
Até meados do século XX as comunidades rurais quase que só dispunham, para todos os momentos da sua vida, de um repertório próprio, com instrumentos construídos
por artífices locais, sendo as músicas aprendidas da tradição oral.
A salvaguarda desse património local, iniciado já nos anos 30 por Abel Viana, promotor do Rancho de Carreço (Minho), com o intuito de "preservar a música
e a dança, criando grupos de jovens que se conservassem fiéis à tradição da sua terra", marca o início de uma nova época em que na sua maioria os Directores
de Ranchos "inventaram eles próprios o seu repertório, desde o trajo fantasioso, até à música e à dança"
http://www.attambur.com/Instrumentos/Portugueses/InstrPortug.htm#_ednref7
Os cortejos folclóricos, concursos, exibições nacionais e internacionais, foram decisivos para que mesmo as melhores intenções iniciais se fossem adulterando,
sendo muito recente, já dos anos 70, uma nova atitude de recriar a música e a dança nos Ranchos, que segundo Ernesto V.Oliveira
http://www.attambur.com/Instrumentos/Portugueses/InstrPortug.htm#_ednref7
deverão ter consciência do que fazem, quando querem fazer uma restituição de música ou dança de uma determinada época, o que não os impede de inventar novas
danças e músicas, ligadas ou não à sua aldeia ou região, desde que saibam que o fazem e não fantasiem, invocando falsas origens ou refugiando-se numa "autenticidade"
que só faz sentido deste que datada e apoiada numa investigação sólida.
Não se entenda com o que se disse que não reconhecemos aos Ranchos qualidades e interesse na sua acção, por constituirem inegavelmente polos de actividade
regional e local onde a música e as danças ainda são feitas por pessoas e instrumentos. Nem todos são contrafacções folclóricas e em alguns casos pensamos
mesmo estarmos perante soluções equilibradas de convivialidade e participação comunitária, perante a mudança irreversível de um quotidiano nem sempre fácil.
Aliás, pena é que as inúmeras edições de "música folclórica" em discos e cassetes, de que vivem algumas grandes editoras comerciais, não tenham ainda sido
devidamente estudadas.
A permanência de formas e géneros musicais, bem como de alguns instrumentos populares, não depende apenas das antigas funções e actividades a que estavam
ligados nas comunidades que os criaram. A procura de novas formas e funções a que temos podido assistir um pouco por todo o país, nos grupos urbanos, nos
cantores e músicos profissionais, nos grupos locais, revela-nos que vivemos um processo de grande dinamismo em que embora nem sempre as soluções encontradas
sejam muito interessantes, nos permitem afirmar que a música popular portuguesa é uma das que melhor tem sabido resistir, na Europa, à influência dos massmédia
com as suas emissões maciças de música anglo-saxónica.
>
publicado por tradicional às 12:15
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